Estelionato

Construtora é acusada de estelionato em Pelotas

Empresa é acusada de lesar diversas pessoas e causar prejuízos superiores a R$ 1 milhão

Foto: Divulgação - Polícia realizou operação na empresa e nas residências dos sócios

A Polícia Civil através da 1ª Delegacia Distrital de Pelotas, realizou, nesta quinta-feira (24), o cumprimento de mandados de busca e apreensão na sede de uma construtora no Centro de Pelotas, bem como nas residências de dois sócios, nos bairros Laranjal e Três Vendas. O caso vinha sendo investigado há cerca de um mês pela reportagem do DP, que identificou diversas pessoas que alegam ser vítimas de um golpe que consistia em receber valores, a título de entrada, para construção de imóveis que raramente saíam do papel. De acordo com a delegada responsável pelo caso, Walquíria Meder, foram feitas sete ocorrências policiais, além de aproximadamente 30 processos na esfera cível. Somadas, as ocorrências apontam prejuízo superior a R$ 1 milhão.

Um desses casos é de uma senhora que diz ter vendido a própria casa, em área nobre da cidade, para construir outras duas, para os dois filhos e, ao aceitar o projeto proposto pelos empresários, deu entrada de quase R$ 400 mil em setembro do ano passado. No entanto, com a falta de andamento das obras e o não recebimento de uma das plantas, pressionou cada vez mais eles, que teriam, inclusive, solicitado que ela entregasse um outro apartamento que tinha como adiantamento. Ela chegou a procurar familiares de um dos acusados para solicitar a devolução do dinheiro. “Eu construí isso com meu trabalho, sozinha, e ele me roubou.”

Outras pessoas relataram ao DP terem dado entrada em dinheiro e até vendido o próprio veículo. O advogado Gustavo da Cunha Goularte aponta que um de seus clientes deu entrada de R$ 90 mil. A orientação dele foi para buscar a rescisão que, apesar de aceita, em parcelas, nunca foi paga. “A referida construtora valeu-se das mais diversas justificativas para não honrar com o pagamento das parcelas, o que já se assemelhava com as justificativas outrora dadas para não executar a construção.”

Modus Operandi
Em conversa com o DP, a delegada aponta que houve solicitação de prisão preventiva e bloqueio de contas dos acusados, mas os pedidos foram indeferidos pelo Judiciário. Na operação foram apreendidos celulares e documentos que serão analisados na investigação que segue em curso. Segundo ela, eles ofereciam serviços, recebiam a entrada e poucos tiveram sequer início. Ela revela, ainda, que eles costumavam pressionar por mais dinheiro para iniciar os trabalhos, argumentando que faltavam taxas, por exemplo. “As vítimas, no anseio de ver a obra se concretizar, acabavam tendo um prejuízo maior ainda”, relata.

Em depoimento, os sócios teriam argumentado que a construtora parou de operar formalmente no final do ano passado. “Mas nós tivemos documentos que foram juntados no inquérito que comprovam que eles continuavam captando clientes e aceitando obras de maneira informal, mesmo sabendo que não tinham a menor condição de cumprir os contratos”, afirma Walquíria. Eles teriam alegado má gerência, com erros de cálculos e efeitos do aumento dos insumos durante a pandemia. No entanto, a policial discorda. “A conclusão é que eles tinham realmente dolo de fraudar. Faziam novos contratos, pediam mais dinheiro, sabendo que não tinham a menor condição de cumprir esses contratos”, garante a delegada.

O crime de estelionato tem pena de reclusão de um a cinco anos. Os próximos passos do inquérito contarão com a coleta de depoimentos de outras vítimas em potencial e análise dos itens apreendidos. A reportagem fez contato com um dos sócios da empresa, que pediu prazo para fazer contato com os advogados antes de responder. Porém, não atendeu mais as ligações após isso. A Polícia Civil não revelou de maneira oficial o nome da construtora.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Polícia Civil prende cinco pessoas de organização criminosa Anterior

Polícia Civil prende cinco pessoas de organização criminosa

PRF apreende uma adolescente com uma pistola em Dom Pedrito Próximo

PRF apreende uma adolescente com uma pistola em Dom Pedrito

Deixe seu comentário